Para começar, um ião é um átomo que perdeu um ou mais electrões após a interacção com outra partícula carregada. Este processo chama-se ionização, onde um electrão que faz parte do átomo ou da molécula ser expulso. Isto acontece em todo o lado (em raios UV, em quedas de água, após uma descarga eléctrica, no crescimento de uma plante) e não é necessário um aparelho para fazer o que a Natureza faz a todo o instante em quase todo o lado.
Existe a alegação de que a nossa interacção com iões negativos pode resultar em efeitos muito positivos ou negativos, pois o nosso DNA seria alterado.
Os secadores de cabelo iónicos: A afirmação é que esses aparelhos quebram as moléculas de água do nosso cabelo através dos iões negativos, fazendo com que o cabelo seque mais rápido e hidratado. Estas alegações não se baseiam em qualquer evidência científica e nunca o demonstraram.
Outro produto iónico são os purificadores de ar iónicos. A alegação é de que as partículas negativas agarram-se ao vapor que sai do purificador e as partícilas de pó agarra-se ao filtro do purificador que tem partículas positivas. Estes purificadores apenas lançam mais ozono na atmosfera do que os purificadores normais. Nada de evidências das alegações.
Produtos para pés: As alegações são de que as toxinas não libertadas pelos pés, o que não faz qualquer sentido. A pele não é o órgão responsável por desintoxicar o corpo, esse trabalho é feito pelo fígado e pelos rins.
Cabides iónicos supostamente removem cheiros da roupa. Mais uma vez, sem qualquer evidência para as alegações que apenas pretendem vender.
As pesquisas: Uma revisão sistemática com metanálise de 2013 (com artigos entre 1957-2012) não encontrou qualquer relação entre os iões e a saúde mental
Podem ler mais sobre a espantosa tecnologia de lavar os pés em água quentinha, que fica escura graças ao sal que lá se coloca e pagam pela sensação de eliminarem toxinas.
Têm circulado informaçẽs de que o vírus SARS-CoV-2 terá sido criado em laboratório, mais precisamente no Instituto de Virologia de Wuhan. Uma parte dessa informação vem de grupos de pessoas que, sabemos, são conhecidas pelas suas mentiras. Outra parte vem de gente mal intencionada que espalha informação fora do contexto ou informação manipulada. Um terceiro grupo espalha informação sobre o que acha. É justamente neste terceiro grupo que me quero focar.
Não é crime ter opinião e, por isso, é vantajoso descobrir que tipos de opiniões existem e como são construidas. Conhecendo os tijolos da construção de como pensamos podemos construir opiniões mais fundamentadas.
A lógica e o sentido são coisas diferentes. A frase "o Zé tem quatro membros, o cão tem quatro membros, logo, o Zé [sendo humano] é um cão" tem lógica mas todos sabemos que não faz sentido já que temos conhecimento das diferenças entre cães e humanos. Ou seja, não pdemos confiar mais em informação proveiente de leigos do que na que provém de pessoas com algum conhecimento, pois é o conhecimento que faz a frase deixar de ter sentido, mesmo tendo lógica.
No seguimento do viés causado pela lógica, podemos reparar que, qualquer história, vista do presente para o passado tem a lógica que quisermos dar. É com este viés que trabalham os divulgadores de profecias quando, na verdade, o que estão a fazer é apenas construir uma narrativa que liga o que eles querem incorporar nos factos já existentes.
Olhando para trás, tem lógica pensar que a China criou um virus para enviar aos seus inimgos e destruir-lhes a economia, esquecendo e não mencionando, claro está, os pontos que discordam comigo. Então e o facto de a Coreia do Norte e a Rússia estarem em apuros? Para não falar das componentes técnicas da criação de um vírus, a ausência de tratamentos, o espalhamento incontrolável do vírus e do facto de a contracção de mais de 3% da economia chinesa? Vou dar um exemplo clarificador:
saio de casa sem destino com o objectivo de acabar esta aventura em 3h. Saio da porta e viro à esquerda, peço boleia e um camionista leva-me de Fernão Ferro até Sesimbra. Lá apanho um autocarro até ao Seixal. Peço novamente boleia e vou de carro para Setúbal. Por fim apanho um autcarro para o Campo Grande.
Olhando para trás tem lógica que tudo tenha sido planeado mas não faz sentido pois não tenho as eviências desse planeamento.
Encontrei mais um texto esquizofrénico sobre coronavírus, sem evidências e com uma grande dose de misturadas:
Há relatos de que a maioria dos sintomas é "leve", mas há relatos de famílias inteiras morrendo rapidamente com mortes agonizantes e descrições de corpos "derretendo" e caindo nas ruas.
Há também o bilionário chinês exilado, Guo Wengui, dizendo que cerca de 1,5
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Site que diz que alguém diz coisas sem evidenciar o que diz. Tal como um amigo meu disse que um amigo dele viu um porco a voar e é verdade porque esse amigo amigo viu!
Além disso o Times verificou os fatos e descobriu que "os dados mostrados pepelo Windy.com, que os dados mostrados pelo Windy.com que, por sua vez usam o GEO-5 da NASA, não são baseados em observações em tempo real e são apenas previsões baseadas em padrões climáticos. Isso significa, essencialmente, que o modelo GEO-5 leva em consideração apenas fontes conhecidas de emissão, como fábricas, e não novas fontes, como as emissões de crematórios"(aqui)
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os dados mostrados para um milhão de pessoas estão infectadas e as mortes estão na região de 50.000 - com autoridades chinesas queimando corpos para encobrir a verdadeira extensão da crise. Isso levou a um relatório e imagens de plumas de dióxido de enxofre sobre Wuhan indicando a incineração de material orgânico - que sites de mídia atribuem à cremação de corpos.
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Já vimos que é mentira
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O que está acontecendo?
Poderia haver um componente genético no vírus ou, como algumas pessoas estão escrevendo - existe um componente de tecnologia no vírus, ou seja, 5G.
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"Em outubro de 2019, como escreveu a Reuters, as empresas estatais de telecomunicações anunciaram o lançamento desta tecnologia em Beijing, Shanghai, Guangzhou e Hangzhou e, na mesma altura, a agência Xhinua anunciava o lançamento “de aplicações comerciais 5G na região” de Wuhan , onde as primeiras estações teriam ficado ativas em meados do mês. No entanto, não é possível confirmar se esta cidade foi a primeira a ter cobertura de quinta geração.(aqui)
Além disso as outras cidades não apresentam as mesmas quantidades de infectados e mortos. Esta disparidade é muito bem explicada pela ciência. Enquanto isso a conspiração não consegue explicar a diferença observada. Desta forma, mais uma vez, preferimos o método que explica melhor a realidade observada: a ciência.
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As pessoas estão preocupadas com os perigos do 5G - e muitos documentos científicos sobre os efeitos na saúde do 5G afirmam que ele pode causar sintomas semelhantes aos da gripe. O 5G poderia, de alguma forma, ajudar o vírus em um corpo já desafiado por lidar com CEM. E Wuhan é aparentemente uma das cidades 5G ,
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Este excerto vem do texto neste artigo , que tem como fonte um artigo científico aqui. Neste artigo científico não existe qualquer informação do que vem no texto de conspiração e medo. Este artigo é um artigo científico pesado sobre biologia molecular onde apenas é dissecado o vírus e onde podemos ver quais as suas sequências genéticas, nada mais
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Eu estava pensando nas estranhas anomalias nos relatórios, quando um leitor, Gil, me enviou um artigo sobre o oficial de inteligência chinês. Não há como verificar isso, mas há uma lógica estranha em alguns conteúdos.
O oficial de inteligência chinês
É um relatório muito perturbador, supostamente escrito por um oficial sênior de inteligência militar chinês - alegando ter acesso a uma grande quantidade de informações classificadas - nos dizendo que o "vírus" é muito pior do que a mídia está relatando. Em que posso acreditar - mas espero que não seja verdade.
Em Fevereiro de 2020, os fãs de Dean Koontz partilharam uma passagem do livro "The Eyes of Darkness", de 1981, como se fosse uma previsão, já que uma imagem mostra uma página do romance contendo "Wuhan-400".
Será que o autor estava a prever o surto de COVID-19? Vamos ver quais as semelhanças entre o livro e a realidade:
1- surto de um vírus com epicentro em Wuhan
E ficamos por aqui porque as diferenças são muito mais do que as coincidências.
É necessário entender que, se o autor quer fazer um romance contendo vírus na China, é fácil mencionar a cidade de Wuhan, uma vez que é lá que se situa uma dos laboratórios mais seguros do mundo.
Agora vamos as diferenças :
-No romance de Koontz, "Wuhan-400" é uma arma feita pelo homem. O coronavírus do surto actual não é .
-No romance, "Wuhan-400" tem uma taxa de mortalidade de 100%. Enquanto a taxa de mortalidade atual é de cerca de 3%.
-O fictício "Wuhan-400" tem um período de incubação extremamente rápido de cerca de quatro horas, em comparação com o COVID-19, que tem um período de incubação entre dois e 14 dias.
Se pesquisarmos uma edição de 1981 deste livro disponível no Google Livros , não encontramos referências a "Wuhan". Nessa edição, essa arma biológica é chamada "Gorki-400", em homenagem à cidade russa onde foi criada.
Mas em 2008, o nome alterado para "Wuhan-400".
Koontz não afirmou que os eventos do romance se concretizariam. Além disso, os leitores só perceberam essa “previsão” após um surto de coronavírus ter sido relatado em Wuhan, China, o que torna essa “previsão” nada mais que uma coincidência.
O nome de Wuhan-400 foi incluído no livro depois de o laboratório ingressar no Programa de Inovação do Conhecimento CAS, em 2002 (aqui) .
As diferenças são tão grandes e apenas um nome liga o livro à realidade. Isto é comparável a dizer que se um carro tem rodas e um avião também tem rodas, então são a mesma coisa. É preciso fazer a equação mental e calcular o resultado entre semelhanças e diferenças. Depois ver se as semelhanças são óbvias ou muito difíceis de acertar. Como é óbvio, se o autor faz um romance com armas biológicas, pode optar pelo nome da cidade onde está um dos laboratórios mais seguros do mundo. Tal como se quisesse fazer um romance da ida à Lua em 1964, depois de ter sido lançado o programa espacial, em 1963, e de o Homem ter pisado na lua em 1969.
Trata-se, apenas, de uma casualidade sem uma ligação robusta entre um livro e a realidade. A evidência inequívoca dessa ligação romance-realidade é o que vai diferenciar entre coincidência e previsão. Como parece óbvio, a previsão não é mais do que a coincidência de apenas um leve, muito leve, ponte em comum entre a realidade e o livro.
E porque tenho ouvido muitas crenças desde que a minha mulher ficcou grávida que tenho escrito, desde essa altura, diversos textos a descontruí-las. Hoje vou recuperar um texto sobre a crença mais comum: a lua influencia os nascimentos porque, se influencia as marés, também influencia o líquido amniótico. E porque não influencia outros líquidos corporais como o sangue, a saliva ou a urina? Não sei. E o que falar dos jacuzzis, das piscinas e dos garrafões de água?
Há muitas crenças relacionadas com os efeitos da lua. É comum ouvir-se dizer que nascem mais bebés nas noites de mudança de fase de lua ou de lua nova. Uma das frases que mais ouço para sustentar esta ideia é a de que “Se a Lua é capaz de agir nas enormes massas de água dos oceanos, como ela não teria efeito sobre os líquidos no útero da mãe ou sobre outros fluidos corporais?”. Neste excerto há apenas uma relação entre acontecimentos e uma colagem mal feita a uma crença. Uma inferência tem de ter uma formulação da ideia e não simplesmente uma relação. Trata-se, sem dúvida, de um argumento persuasivo. As pessoas sabem que as marés existem porque já as observaram, no mar sim, mas nunca as observaram num balde.
Curiosamente a elevação dos oceanos não se dá apenas do lado da Terra que está voltado para a lua. dá-se, também, no lado diametralmente oposto e ainda existe outra forte influência gravitacional: o sol. A força gravitacional do sol sobre a Terra é cerca de 200 vezes maior do que a força exercida pela lua.
O oceano acaba por sofrer diferentes atracções gravitacionais pela lua e pelo sol em diferentes zonas porque é bastante extenso. E são precisamente essas diferentes atracções nos diferentes pontos que geram as marés, mas não há efeito de maré numa região com volume tão pequeno, como é o caso de um balde ou de uma piscina, pois os distintos pontos dessas regiões estão praticamente equidistantes do astro atrator e sofrem, assim, uma força de maré constante em todo o volume de líquido. Como esta força atractiva é feita de igual forma em todo o conjunto que forma o volume, é incapaz de deformá-lo. O mesmo ocorre com líquido no útero da mãe, logo não há qualquer efeito. Entretanto, as marés acontecem em qualquer dia e não apenas nos dias das quatro fases principais da Lua.
Um estudo intitulado “Marés, fases da Lua e bebês”, do Instituto de Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, mostra um gráfico onde foram verificados cerca de 93 mil nascimentos entre 1967 e 1983. Além deste, há mais de 100 estudos sobre efeitos lunares que falharam em mostrar uma correlação confiável sobre numerosas crenças.
Muita coisa ouvi durante a gravidez da minha mulher. Entre superstições e mitos, a estória da tabela chinesa, para saber o sexo do bebé, foi das que mais ouvi porque estava na moda. Trata-se de uma tabela que cruza o mês da concepção com a idade lunar da mãe no momento da concepção. Salta à vista que o pai não interfere nesta tabela. Só faltam uns pózinhos de realidade pois, se a tabela chinesa funcionasse, não teriam morrido mais de 200 milhões de meninas na China e Índia, segundo a ONU, devido ao fenómeno do feminicídio.
Na cultura chinesa privilegiava-se o filho único, que fosse menino. Esta política contribuiu para a eliminação de milhões de meninas por serem consideradas inúteis. Não foi descoberta nenhuma tabela que prevenisse este crime. Talvez, seja por uma triste ironia que as pessoas acreditem nesta tabela. Caso funcionasse, as mulheres chinesas tinham uma forma de saber quando engravidar, de acordo com a tabela. Mas, espantem-se, a tabela funciona! Sim, é verdade, funciona tão bem como a técnica da moeda. Trata-se de uma técnica milenar (mas só desde o tempo em que as moedas apareceram) que permite saber qual das duas hipóteses vai acontecer. Para quem ainda não conhece esta técnica eu passo a explicar: é menino ou menina? É muito simples, escolhe-se que face da moeda corresponde a cada sexo, pega-se numa moeda e lança-se na vertical e a rodar – atenção que tem de rodar várias vezes para ter o efeito pretendido e para o fluxo da energia quântica funcionar. Só é necessário ver com que face cai na mão. A face correspondente à escolha fica voltada para cima. Se o resultado não for o esperado é porque a moeda não foi bem lançada. A probabilidade é de 50% o que, manifestamente, é uma percentagem de sucesso, manifestamente, muito reduzida. O mesmo acontece com qualquer tentativa de adivinhação perante duas escolhas.
O mundo não é tão simples para se adivinhar que evento vai ocorrer baseando-nos em testes apenas com credibilidade popular e sem evidência científica. Vamos combinar fazer uma coisa: eu não vou pedir ao talhante conselhos sobre mecânica automóvel e vocês não vão pedir adivinhação de coisas que são do âmbito de médicos. Se fosse assim tão fácil saber o sexo do bebé não eram precisos testes proteicos no início da gravidez, nem era preciso esperar pela ecografia dos 3 meses. Gosto de imaginar um mundo onde os obstetras analisam uma tabela chinesa em vez de fazer ecografias; onde os médicos usam agulhas e chás nas urgências; onde os economistas usam o micado para analisar os mercados…
Este é um teste baseado em ligações improváveis entre acontecimentos. Aqui é demonstrado o desejo de o ser humano conferir sentimentos e poderes aos objectos.
O teste consiste em pegar, com a mão direita, numa linha com uma agulha na ponta e deixar a agulha junto à palma da mão esquerda da grávida. Deve-se mergulhar a agulha três vezes ao lado da mão e, depois, deve-se deixar a agulha por cima da palma da mão da grávida como se fosse um pêndulo. Se a agulha fizer movimentos circulares é menina, se fizer movimentos lineares é menino e se houver ausência de movimento não haverá bebé.
Para muita gente parece óbvio mas, assustadoramente, há muita gente que acredita neste teste. E acreditam porque acham que estas técnicas funcionam e que podem prever o futuro. De facto, não existe qualquer evidência nem explicação para a ligação entre o movimento da agulha, a mão da grávida e acontecimentos passados ou futuros. Mas existe uma ligação entre o movimento da agulha e a mão de quem pega na linha.
Os movimentos quase imperceptíveis, associados aos movimentos conferidos pela passagem do sangue nos dedos, faz com que a agulha se possa mover. Por vezes até pode ser o operador dessa técnica a fazer os movimentos desejados. Apesar de tudo, a taxa de sucesso é muito baixa para ser credível, além dos factos de que não produz resultados imparciais e de que basta um resultado falhado para anular a crença na técnica. De facto, previsões e resultados falhados não faltam.
Outros mitos comprovadamente falsos já foram anunciados aqui no blog. Podem ver a falsa relação entre as fases da lua e os nascimentos (aqui); o mito dos cabelos dos bebés na azia da grávida (aqui); os nomes que não dão qualquer significado à vida ou à personalidade de uma criança (aqui); o teste da moeda, em que a probabilidade de acertar é de espantosos 50%! (aqui).
Há mais de dez anos que luto para desconstruir mitos e para construir o pensamento crítico. Ouvi muitos mitos relacionados aos fetos, quando a minha mulher estava grávida. Resolvi por à prova esses mitos e desconstruí-os a todos. Mal eu sabia que ia criar um mito. É verdade, tanto lutei contra mitos que me vi envolvido num novo mito e, sabem que mais? Eu testei-o, e sabem a melhor? Já vão saber.
Um dos primeiros mitos a desconstruir foi aquele de que a azia da grávida provinha da quantidade do cabelo do feto. Se a mulher tivesse azia significava que o bebé tinha muito cabelo. Nada mais fácil de verificar pela quantidade de bebés com cabelo provindos de grávidas qeu nunca tiveram azia ou de bebés quase carecas cujas mães sofreram muito com a azia. O segundo ponto do frágil edifício deste mito é dinamitado quando se verifica que a azia acontace num período de gestação onde o feto ainda não tem cabelo. O terceiro apoio desfaz-se nos livros, onde está confirmada a causa da azia. A azia nada mais é do que a subida do estômago e a pressão sobre ele exercida no momento em que o útero começa a tomar o seu lugar, enquanto a gravidez avança.
Não foi apenas este o mito desfeito nos seus pilares e a colapsar perante uma explicação científica e falta de fundamento estatístico. No entanto, mas eu sabia que criara um mito, também ele com cabelos. Agora o mundo fica a saber que esfregar a barriga da grávida vai fazer com que o bebé nasça com o cabelo sem regras e espetado. Isto deve-se à electricidade estática transferida para o bebé. Mas atenção! O bebé tem de possuír cabelo, quanto mais abundante melhor. Eu confirmei a veracidade quando a minha filha nasceu, pois o seu cabelo estava espetado e assim ficou cerca de 1 mês. A estatística e a ciência não interessam para aqui.
A Greta, e outros jovens activistas, dizem o que 98% dos climatologistas dizem há anos. Então, porque há uma idolatria para com a Greta? E porque há, aparentemente, tanto ódio? Em primeiro lugar temos de entender que o mundo não é binário, não se define por on e off ou por preto e branco mas tem muitos matizes de um extremo ao outro. O espectáculo que tem sido criado indica que ambos os discursos, tanto a favor como contra, são extremados e, logo, sem fundamento que justifiquem algumas das alegações.
A activista sueca pede o fim imediato dos combustíveis fósseis (e isso seria um erro grave) através de acções que param transportes públicos, algo que deviam incentivar. Mas como é extremista, leva-nos para um caminho muito simplista e fácil de entender pela maioria da população. É um caminho curto e sem pensar nos prejuízos. Além disso, não dá soluções, porque o que ela pede para ser feito não é uma solução mas apenas a identificação do problema, mas muita gente confunde a identificação de problemas com soluções. E é este caminho de enviesamento que apaixona pessoas, uma vez que é muito simples de perceber, e do lado dos cientistas os matizes da problemática não são perceptíveis e ainda há números e gráficos, que são muito chatos. Mas este é o mundo real, entender bem o que se passa, o que é necessário fazer e qual ou quais os caminhos a seguir e como fazê-lo da melhor forma.
Um veleiro como transporte é a melhor solução? É melhor para o ambiente mas é caro e não dá para ir trabalhar nem ir ao supermercado. Um carro eléctrico é uma boa opção? As fontes solares são uma boa opção? Sim, mas não a melhor. A energia eólica é boa opção, sim mas há outra melhor. Neste momento necessitamos da melhor opção: a energia nuclear. A energia nuclear é mais barata e praticamente renovável.
A Dinamarca pondera construir um mega parque eólico por 40 mil milhões de euros para produzir cerca de 3GW reais. Este parque durará cerca de 30 anos. Pelo mesmo preço, pode construir-se 4 centrais nucleares com 14,9 GW reais. As instalações têm a durabilidade de cerca de 80 anos. Além de ser mais barata e mais renovável, a energia nuclear é a mais segura, matando menos pessoas por kW. Podem ler mais informação sobre as vantagens da energia nuclear sobre as outras fontes de energia aqui: https://www.scimed.pt/geral/energia-nuclear/preocupado-com-as-alteracoes-climaticas-luta-pela-energia-nuclear/
Não pensem, pelo título, que sou daqueles que diz que 98% dos cientistas estão comprados e que a Terra não está a aquecer, que a NASA está a manipular dados e que a Terra é Plana. Simplesmente existe um problemas mas não é por ele existir que a solução deverá ser inflamada e extremista. O mundo não é a preto e branco mas sim com inúmeros cinzentos e é por isso que é necessário pensar no que está a acontecer e nas soluções possíveis sem as rejeitar à partida. Ou seja, conhecer as soluções e tentar ver no que vão dar. A Greta pode ter um discurso apaixonante e inflamado, mas também é extremista e já vamos ver as consequências disso.
Vamos por em prática todas as reivindicações da Greta Thunberg e tentar correr uma simulação mental, tendo presente, também, acontecimento do passado. Uma das estratégias do acordo de Paris é o chamado “20 20 20”, que significa uma redução de 20% nas emissões de CO2, um aumento de 7% para 20% nas participações de energias renováveis e um aumento de 20% na eficiência energética. A nível global esta meta está muito distante. Apesar de haver países que estão acima da meta, a grande maioria está aquém. Isto mostra que o nosso mundo é heterogéneo e não é fácil impor as mesmas regras e os mesmos prazos a todos. Ainda assim, a activista diz que este acordo é insuficiente, embora tenhamos visto que, muito provavelmente, não o conseguiremos alcançar.
O primeiro resultado das reivindicações da activista seria a fome, pois a única forma de alimentar uma população de mais de 7 mil milhões de pessoas é com uma agricultura extremamente mecanizada que é dependente de combustíveis fósseis. Sem os navios transportadores, que consomem grandes quantidades de combustíveis fósseis, a comida acabaria por estragar-se. A fome levaria a motins e a economia mundial, que ainda é muito dependende de fontes não renovávais de energia, colapsaria. Com a economia a colapsar o desemprego subiria em flecha.
Num mundo sem transporte de alimentos os países com muitas terras arávais despertariam a cobiça de outros países, principalmente daqueles com muita população e com pouco espaço agrícola. Um de vários exemplos ocorreu na década de 30, com o Japão a anexar porções da China para ter acesso a recursos naturais. Em 1939 a Alemanha invadiu a Polónia à procura de áreas para produzir alimentos para garantir a sobrevivência do povo alemão. A tecnologia e a engenharia sofreriam um retrocesso gigantesco uma vez que dependem de fontes não renováveis. Mas a solução é não mudar? Não, mas mudar passo a passo respeitando os avanços tecnológicos e não com discursos extremistas. O sonho da Greta, se fosse real, seria um pesadelo para todos.