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Contos do Vigário

Contos do Vigário

A Base da Ciência

Recentemente li uma opinião que dizia que a ciência está avançada devido à existência da sociedade cristã. Mais à frente leio que "a religião cristã permitiu impulsionar uma sociedade virada para as ciências na medida em que afirma que deus criou o mundo […] e dessa forma incute a procura de […] explicações para fenómenos da Natureza". Então vou explicar que bicho é esse chamado de ciência.

A ciência começa com “eu quero saber” e isso significa a possibilidade de descrever um fenómeno visual e explicar as suas interações e influências. A ciência é um processo que implica 4 passos: Observar, colher informação, distinguir e descrever. Este bicho esquisito distingue-se pelo pensamento racional, que permite rejeitar, refutar e até modificar a hipótese. As decisões de uma opinião pessoal, produto de irracionalidade, não seguem a lógica, sendo incoerentes e relacionadas ao mundo desconhecido, superstição e misticismo. As crenças dão a tudo sentimentos, emoções, intenções e “requerem a aceitação de factos e enunciados que não podem ser demonstrados”. O conhecimento científico é sistemático, pergunta, duvida e chega a ideias.

Afirmar que um deus criou o mundo não é uma observação da natureza nem é questionar o mundo. Lembro que o cristianismo levou à morte na fogueira de cientistas por estes declararem o Heliocentrismo em oposição ao Geocentrismo. A ciência nada tem a ver com religião pois não se centra em crenças mas em observações. Para a ciência o mundo surgiu através de eventos naturais que levaram o seu tempo. Todo este processo terá de fazer sentido, estar de acordo com outras observações, ser testável empiricamente se possível. A religião é imutável e exclui qualquer argumento que se oponha à sua visão de mundo criado em 7 dias, há dez mil anos.


Dizer que a sociedade cristã é a razão do avanço da ciência o que dizer da China?

O Celeiro Homeopático

 

Explicar a ausência do efeito da homeopatia recorrendo à realidade molecular não mostra essa ausência a toda a gente. Quem não teve formação em Química dificilmente percebe que uma molécula no meio de um copo cheio de água não tem significado. Isto porque, para muita gente, uma molécula é uma coisa num copo e pode ter algum efeito. Vou, então, recorrer a um exemplo que pode ser experimentado e sentido por qualquer pessoa. Em vez de moléculas do composto activo e de moléculas de água, vou explicar as diluições em celeiros cheios de palha e montes de espigões. Vamos então à experiência: num celeiro colocamos uma generosa quantidade de espigões e 99 fardos de palha.

 

Alguém se atreve a atirar-se para cima da palha sabendo que está lá uma série de espigões? Agora vamos, com um tractor, remexer a palha com os espigões. Depois de mexido vamos tirar uma pá de retro-escavadora e por o conteúdo num outro celeiro. Vamos, então, despejar mais 99 fardos de palha. Já estão mais à vontade para se atirar de cabeça para o monte de palha? Talvez. Façamos este procedimento mais 28 vezes. Isto é o que a homeopatia faz. Dilui 99 gotas de água 30 vezes. Acredito que à 2ª diluição não reste grande quantidade de espigões, tal como moléculas na diluição homeopática. Então, se não tememos atirar-nos de cabeça no 30º celeiro com 99 fardos de palha e como a probabilidade de encontrar um espigão é semelhante à de ganhar o euromilhões várias vezes (ideia retirada daqui), também não tememos envenenar-nos com a mesma diluição, por pior que seja o veneno. Da mesma forma, não teremos qualquer melhoria num medicamento.

 

O post original foi escrito para o AstroPT

O Típico Tripé que Mete Água

 

Um dia de guerra no Iraque dava para pagar uma missão robótica ao planeta vermelho e o orçamento dos EUA, em 2011, atribuía 70 vezes mais dinheiro à Defesa do que à Ciência. O astrofísico Neil deGrasse Tyson salientou que “num ano o dinheiro gasto em defesa (e na banca) é equivalente a todo o orçamento da NASA dos últimos 50 anos”. É escusado enumerar para que serviu a guerra até agora. Podemos reparar que, não só descobrimos água em Marte, mas descobrimos que a guerra e a banca também “meteram água” e que esta não e sinónimo de condições favoráveis para a vida mas sim de condições desfavoráveis para a vida.

 

A ciência especial traz-nos a capacidade de ver as horas certas, de tratar doentes e de aprofundar questões. Há dezenas de tecnologias que usamos todos os dias, criadas pela tecnologia espacial. A ausência de ciência aumenta o número de mortos. A ausência de guerra aumenta o número de vivos. Assim, temos uma equação em que a ciência é 1 e a guerra é -1. Se temos ciência temos vida e se temos guerra temos morte. Não é um equilíbrio essencial mas um equilíbrio em que falta um termo para a equação fazer sentido. O terceiro ponto de ligação é a economia. Fica assim 1+x=-1.  Sim, a economia pode valer o dobro da ciência em negativo para servir a guerra. Se for bem direccionada será em dobro o oposto da guerra, a favor da vida:

 

Enfim, é só fazer as contas:

 

1+x=-1  (c+e=g)                               –>          1+(-2)=-1

 

1=-1+x  (c=g+e)                               ->           1=-1+2



ler mais em http://astropt.org/blog/2013/04/08/agua-em-marte-e-na-guerra/

Rede Energetica Pesca Peixe Miúdo

 

Surge no mercado algo fantástico. Em primeiro lugar vamo-nos centrar no caso:

 

Parece que o nosso planeta é um ser vivo. Ernest Hartmann sugeriu que existe uma rede energética por toda a Terra. Umas linhas de Norte para Sul e outras de Este para Oeste cruzam-se e formam uma rede.

 

Agora os problemas:

Quando estamos na intersecção dessas linhas ficamos 70% mais fracos, temos problemas de sono, cansaço, dores de cabeça, exaustão, falta de energia, preguiça, dores no corpo, insónias, dificuldade em dormir, frio, calor, arrepios e frio, etc. (basta ter imaginação e arranjar muitos sinónimos).

 

As linhas energéticas são invisíveis, mas parece que não. Ora reparem que um dos sites de propaganda diz que têm a largura de 21 cm e que se elevam a cada 2 metros na direcção Norte-Sul e 2,5 metros na direcção Este-Oeste, seja lá o que isto quer dizer – acredite! Fantasticamente estas medidas “comumente encontradas, entretanto podem apresentar alguma variação, dependendo do lugar, de diversos fatores como composição do solo, etc.”. Ou seja, as medidas são sempre aquelas mas podem variar aquando uma variedade infindável de factores. O cruzamento destas linhas são um lugar perigoso para a saúde.

 

A solução:

Para deixar de ter problemas como os supracitados e passar a ter apenas um (carteira + tudo o resto) basta adquirir os produtos de uma empresa. Há soluções para singulares, objectos pequenos e até casas! Estes aparelhos anulam a radiação e protegem tudo no seu raio de acção.

 

A Crítica:

Apenas basta dizer que a Terra não é um ser vivo e cai tudo por terra mas vamos mais longe:

1- Provar as linhas energéticas – nada existe

2- Onde inicia e onde termina o fluxo – qual o seu motor? – nada explicado

3- Qual a partícula transportadora e o campo de actuação? Nem uma palavra

4- A medição da energia – vem em que unidades? Nunca li nada que explicasse

5- Medições de largura, diâmetro e distância média das linhas energéticas, como são feitas? Nada de nada sobre a questão

 

Muita gente enganada com o mesmo método das pulseiras do equilíbrio e um vendedor que fala muito mas não diz nada, aliás diz uma série de frases sem sentido para quem tem algum pensamento crítico. Um vendedor deste género apresenta, ainda, uma linguagem corporal de aldrabice e de hostilidade. Podemos ver as palmas das mãos diversas vezes apontadas para baixo ou para ele próprio (num vídeo que não vou colocar aqui para não fazer propaganda a algo errado) entre outros gestos. Ou pode apresentar sinais corporais de afectuosidade associados a sinais de mentira.

 

As fraudes vêm mascaradas com frases sem nexo mas complexas e com chavões científicos para mostrar alguma credibilidade aos leigos. Vêm com ilusões de protecção contra uma romantização. O ser humano tem a capacidade de romantizar o universo em que ele é o principal. Tudo ocorre por sua causa e tudo é entendível de forma simples e tudo é como ele imagina. O ser humano imagina uma rede, logo quando se fala em rede energética ele entende uma rede mas não se interessa pelo energética. Basta criar uma imagem na sua cabeça e está feita metade da venda do produto. Basta inserir na cabecinha deste bichinho uma imagética e explicá-la de forma simples colocando alguns chavões pelo meio. Para finalizar dá-se uma solução simples e barata, com linguagem acessível de forma a trazer as complicações, complexidades e burocracias científicas até ao ser humano. Esses vendedores serão uma espécie de Robin dos Bosques subvertido que pega numa ideia inacessível e trás um pacote bonito cheinho de comprimidos de farinha para despejar a carteira do cliente. Enfia na cabeça deste cliente uma boa dose de ilusão de cura.

 

Parece-me fácil desconstruir uma ideia destas. Parece fácil, mas há quem caia. Há quem seja pescado por estas redes. Precisamos de pensar um pouco e há muita gente desesperada que não quer ou não consegue fazê-lo da forma mais correcta. O peixe “miúdo” é apanhado nestas redes e é sugado tudo o que tem para acabar, no fim, com tudo o que tinha. Paga para curar a doença em troca de um pack de soluções em que oferece uma crença. Esse pack é, afinal, farinha.

 

O dinheiro vai, a doença fica, e a crença desaparece, pois o efeito placebo é temporário.

 

O pack passa a ser farinha + doença – dinheiro – crença = doença com farinha nas mãos.

 

A desculpa é a falta de crença. E aqui está mais um truque: dá-se uma solução errada para culpar o paciente de não usar a solução imaginária (crença). A culpa é do paciente.

Homeopatia HASA – Humana, Animal, de Solos e Águas

 

Fiquei de boca aberta a olhar para uma revista. Espantem-se, não era uma revista masculina e não foi por um grande feito noutra publicação. De facto deveria ter ficado assim, espantado, há quatro anos pois a publicação é de Abril de 2012. Ao folhear a revista científica deparo-me com um título que me parecia prometer algum riso.

 

O texto tem algumas coisas interessantes, de tal forma que irei tecer algumas considerações sobre alguns excertos:

 

A coluna chama-me a atenção logo de início com uma novidade estrondosa. A autora salienta que pouca gente conhece a utilização da homeopatia em animais, plantas, solos e águas. Aqui comecei a ficar espantado com a qualidade da medicina natural curar calhaus e água. Talvez a água milagrosa que serve para curar pessoas precise, primeiro, de ser ela mesma curada por homeopatia de homeo-patógenos. Eu iria mais longe e criava a micro-homeopatia para curar os microorganismos que seriam usados na cura da água para curar uma pessoa. E a memória dos medicamentos que ficam na água seriam passados também do pulgão para o solo, do solo para a água e da água para nós, numa espécie de homeo-internet de informação molecular yotta-diluida.

 

Fico mais descansado quando, umas linhas abaixo leio que uma das técnicas da “homeopatetice” “diz respeito ao efeito placebo que não contém nenhum traço da matéria-prima utilizada na sua confecção”. Ufa, uma verdade! De seguida mais um avanço: esclarece que “a homeopatia não se relaciona com a química” …. mas “com a física quântica, pois trabalha com energia, não com elementos quânticos que podem ser quantificados”. Ora daqui podemos concluir – atenção físicos – que há uma coisa chamada química, que é um mistério e que há a física que estuda elementos quantificáveis. E é a física quântica que promove a homeopatia. Ainda tenho esperança de, um dia, poder tomar um frasco de extrato de bosão para a ciática.

 

No parágrafo seguinte a autora refere que “não é preciso ser especialista em saúde […] para perceber que o método convencional [de produtos de controlo de pragas] gera desequilíbrio” e que “os patógenos vão adquirindo resistência aos agrotóxicos”. Tudo isto gera uma sequência dramática em que “o solo fica mais pobres e diminui a sua produção [e] os trabalhadores ficam gravemente doentes com o manuseio desses produtos […] as águas são contaminadas, os seres que dependem dos produtos da terra recebem [o] veneno”. Eu acho que não é preciso ser especialista em saúde. É preciso, sim, não ser especialista em nada para ver o que é mencionado neste parágrafo. Podemos constatar que há muitos agricultores, com longas vidas a tratar de terrenos, gravemente doentes.

 

A terminar está a causa de técnica de cura de tudo o que mexe e que não mexe resultar: A homeopatia “é como técnica sustentável, economicamente viável e ecologicamente correcta, torna-se imprescindível ao equilíbrio do planeta e à saúde[...]”. Vender uma colher de farinha por um extrato caro é economicamente viàvel. É um homeoal que não faz bem nem faz mal. Quanto ao equilíbrio, espero que uma técnica tão viável para a ecologia não equilibre tento o meio embiente nem o nosso organismo. Não acharia piada a um ano sem muito calor para além da chatice que é ter todos os gradientes do nosso organismo equiliradinhos. Além disso não concordo que seja viável para cada um de nós como indivíduo um tratamento que equilibre. Já vimos o que custa a cada um equilibrar as contas de um Estado. Estou farto de medicamentos homeopatéticos que prometem equilibrar organismo, calhaus, águas, orçamentos e que são viáveis, mas que são caros.

 

Para terminar deixo o link do artigo: Aqui

O Lado Obscuro (mas Claro) dos OGM!

 

Quando se pensa em avanços científicos há um grupo de pessoas que pensa que não se deve manusear e alterar o precurso natural das coisas. E há os apologistas dos avanços como forma de dar à população meios e conforto.

 

Os que condenam o desenvolvimento científico fazem-no com a premissa de que isso é um risco para a natureza. Aqui vamos só considerar uma área científica - os OGM - embora haja inúmeros pontos de discórdia por toda a teia científica.

 

Os OGM são imprescindíveis e podemos vê-lo pela utilização da insulina humana, produzida por bactérias GM. No entanto há sempre dois lados em qualquer avanço. O dinamite é mau se for mal usado mas aqui refiro um organismo que só pode dar bons resultados não porque alguém quer mas vai mais além do querer. É preciso muito trabalho, preocupação e bioética para estes organismos serem viáveis.

 

Peter Raven é pró-OGM e escreveu, em 2005, que os "organismos trangenicos não causam nenhuma ameaça" e que "milhões de pessoas têm consumido alimentos (...) trangenicos e nenhum problema de saúde foi registado". Seis anos antes William Muir e Richard Howard argumentaram que "a introdução do (OGM) em populações naturais pode resultar em riscos ecológicos" porque "podem ter vantagem em alguns aspectos reprodutivos capazes de aumentar o seu sucesso na natureza". Os argumentos anti_OGM continuam com Jose Domingo quando afirma que “estudos sobre a segurança e a toxicidade dos alimentos trangénicos [são] feitos por companhias [e] não são submetidos ao julgamento da comunidade científica internacional”.

 

Responsabilidade Social

 

As consequências da libertação de produtos GM na Natureza podem não ser verificados de imediato. Poderão ser necessário decorrer tempo suficiente para que seja visível algum indício. Temos o exemplo da diaetes tipo II, que teve origem no antigo Egipto, teve a sua consequência na alteração dos hábitos alimentares. Contudo, apenas há pouco tempo se entendeu a relação entre a doença e os hábitos alimentares demonstrada. O amianto, outro exemplo, é uma fibra natural extraída de algumas rochas. Era utilizado no fabrico de tecidos, daí ser conhecido por “linho da montanha”. Há pouco tempo descobriu-se a sua toxicidade.


Efeitos Negativos

 

Jeffrey Smith apresentou no seu livro 6 casos de supostos efeitos negativos de OGM. 1- A alergia a soja, no Reino Unido, disparou com a entrada de soja GM; 2- Observou-se elevada mortalidade de ovelhas em lavouras de algodão GM; 3- Ratos alimentados com milho GM apresentaram problemas de saúde; 4- Galinhas alimentadas com milho GM duplicaram a taxa de mortalidade; 5- Suplemento alimentar GM, no Reino Unido, matou 100 pessoas e deixou 500 doentes; 6- aumentou a taxa de cancro em pessoas que beberam leite com hormona de crescimento bovino produzido com técnicas de transgenia. Parece que bate certo mas falta o crucial. Não há uma eviência de que estes pontos tenham sido provocados pelos OGM. Neste caso há quem argumente que a ausência da prova não é a prova da ausência. Mas também não haver prova definitiva pode significar que o culpado pode não ser o que se pensa. Nestes pontos estamos perante inferências por plausibiliddade em que a argumentação plausível não se limita à inferência de explicações.

 

O ser humano tem, desde que começou a cultivar, a seleccionar genes para melhorar as espécies quanto ao seu valor nutritivo. No entanto há diferença qualitativa entre “cruzar variedades diferentes e introduzir genes de uma espécie de outra distante filogeneticamente”. Os genes inseridos por transgenia poderão conferir uma reprodução diferencial positiva à espécie GM e promover uma disseminação rápida e descontrolada. Isso se, por descuido, forem libertadas.

 

Eliminação da Fome

 

Este é um argumento falacioso porque não é a falta de alimento que provoca a fome mas sim o problema da distribuição. No entanto podem fornecer uma melhor qualidade de alimentação com a melhoria do teor nutricional, diminuição na aplicação de agrotóxicos e cura de doenças.

 

Na Ásia estava a crescer o numero de casos de cegueira devido à falta de ingestão de beta-caroteno, que se deveu à destruição do ecossistema onde era endémica a planta batua, rica em beta-caroteno. Assim, começou a produzir-se arroz dourado, rico em beta-caroteno, para colmatar essa falta.

Para Peter Raven "os danos ambientais causados pelos sistemas de agricultura tradicionais, envolvendo a aplicação de grandes quantidades de produtos químicos são (...) bem maiores [do que os danos causados por plantações de OGMs]"